quinta-feira, 9 de abril de 2015

Crônica


                                                                                      Por :Nanin Loustau

Episódio l                                             

                                                             
                                                                    

O silêncio dominava o ambiente, tão absolutamente proprietário do lugar. Dir-se-ia.

Até que Virginia expulsou-o quase que a pontapés, barulhenta e com fortes argumentos, acreditem, precisava ela fazer um comunicado para o pessoal, e são sempre todos de caráter emergenciais, quando não está contando uma de suas histórias engraçadíssimas, diga-se de passagem; da outra vez rolou até um convite, no qual iria participar da garota Plus size.

É, perceberam que Virginia é exuberante? , suas formas todas condizem com sua personalidade, ela é extremamente afável, generosamente expansiva, super bela, é autêntica, e não segue padrões, eu diria é feliz!

Outrora, levantou-se contra ela , um falatório descabido, presumam vocês!

Nervosíssima, e determinada, tinha pressa em defender sua honra e com razão, aflita, queria um pronunciamento público, imaginem, aquilo mesmo é que não poderia esperar, ruborizava-se, a amiga ao lado insuflava-lhe, algo do tipo:
-- não deixe barato!  Ah! se é comigo.

Até que finalmente foi-lhe concedido um espaço de tempo para que houvesse o desabafo, que começou assim:
--“vamos colocar os pingos nos ii”

Irei me abster dos pormenores, pois acredito até que exagerou um pouquinho.

Bem, ao passo que esclarecia as  fofocas maledicentes, e o bullyng que sofria, declarava o seu amor pelo namorido como ela costuma carinhosamente referir-se a ele, achei lindo, romântico até.

Deveria este ficar envaidecido pela sôfrega confissão.

As intrigas costumam fazem parte do cotidiano, e com o uso da internet torna-se ainda mais violento o dizquemedisse , contudo sabemos que Virginia é honestíssima.

Gosto quando estamos por vezes amargando longas horas o silêncio, e este é interrompido, sacudido e atirado pela janela por minha amiga Virginia a heroína desta crônica.


















































                                                                                                

terça-feira, 7 de abril de 2015

“Pelotas é o palácio da rainha cor-de-rosa”

              
                                                                           Por Nanin Loustau

A biblioteca da cidade de Pelotas traja rosa.
Embora seja uma senhora, conserva o frescor da juventude.
Costuma estar sempre  ataviada,  seus belos adornos, os lustres são pérolas pendentes, as escadarias, suas suntuosas curvas, arrebatadora com o seu intrínseco perfume, fascinante.
Pelotas já  foi mansão de Baronesas, imperatrizes,  é chamada carinhosamente de Princesa do Sul, mas a rainha, a rainha é a biblioteca.
Suas reminiscências estão guardadas no museu do seu interior, toda dama tem às suas,  não seria diferente com a majestade.
Alguma demonstração de afeto para com ela?
Bem sei  como agradá-la!
Agrado-a percorrendo seus corredores, deslizando meus dedos pelos seus filhos ilustres, os livros, e quase sempre levo algum para passear.
Sabem quem é a mãe das bibliotecas?

A Literatura, a fortuna do seu reino é o patrimônio que compõem  às bibliotecas, cada território recebeu sua porção. E Todos os escritores sem exceção querem integrar uma monumental biblioteca! 





Imagem: Nanin Loustau












"A aranha do Museu"

 Visita ao Museu Carlos Ritter
 Crônica

                                                                                              Por Nanin Loustau
                                                                                                                        
                                       
Certo dia fui visitar um dos Museus da cidade de Pelotas, como é de meu costume fazer,  pelas cidades por onde passo.
Embora não parecesse, esse era diferente.
No seu interior, vários bichos, lindos.
Retratei quase todos do acervo, havia borboletas, formigas, uma sucuri de seis metros, leões, jacarés, todos catalogados, ali perpétuos, magníficos, empalhados, a salvos da ação do tempo, pereceram, só que de uma outra maneira, muitas vezes perde-se a vida mas não perde-se a exuberância.
Eu ávida por percorrer todos os corredores e não perder nenhum detalhe, absolutamente entregue ao lugar,  eis que algo chamou-me a atenção , num recanto, uma aranha, além das pessoas que trabalham lá, e de seus visitantes, a aranha,  no exercício pleno da vitalidade.
Imediatamente o museu ganhou cor , brilho , um animal vivo.
Triunfante antagonista, agradou-me, é selvático, representa o Brasil, estava ela ali, seus pelos reluzentes, única, o exemplar mais valioso do museu.
Sim, vejam bem, os outros estão em desvantagem quanto a ela.
A aranha estava em uma redoma de vidro, como os valiosíssimos diamantes quando expostos em museus, era isso que a aranha simbolizava, ela era um intenso diamante, e com toda a sua vaidade, parecia saber disso.
 Se estava triste ou feliz, não cabe a mim julgar os sentimentos da aranha, foi capturada em algum momento em que andava distraída, e  deve  haver-se lamentado muitíssimo pela falta de atenção. Se bem que eu imagino, que ela deve cogitar uma fuga todos os dias.
Seu gênero?
Ah! Sequer desconfio.
Ela é da espécie Grammostola, Theraphosidae  pertencente à família das Tarântulas, forte, não?

Simpatizei com ela, tanto que a levei para casa em várias imagens fieis, não resistindo, também escrevi, afinal a aranha vive.











Imagem: Nanin Loustau