segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

O Everest Literário

Por: Nanin Loustau 

Como exaurir a essência da literatura?
 Isso seria possível?

Somo como os colibris, sempre sequiosos e avaros, à procura de extrair o néctar delicado e fino das flores mais raras e estonteantes que existem na terra.
Ou então, como alpinistas, colecionadores de emoções.

É a excelência da obra, que a faz imortal , e por esse motivo essas raridades perduram, não necessitando ser um  clássico para compor o mais alto grau de opulência que merece, é esse o caráter incondicional, atrativo e abstrato que a Literatura suscita.

Quem pode avaliar o peso do êxtase? ou medir o incomensurável ?

Quando lemos, somos arrebatados por um prazer indescritível.  
Essa sensação, só os gênios da Literatura são capazes de proporcionar, a nós leitores..........cosmopolitas, não necessitamos passaportes, tampouco naves,  para conhecer as galáxias, o mais profundo dos abismos, as paixões, as tragédias, a beleza, os mais altos cumes, me denomino alpinista literária, só escalo o que me atrai e desafia, abandonando-me sem pudores, absolutamente entregue aos ventos e aos rumos de cada obra.

sábado, 21 de novembro de 2015

Reflexões....

                                                                                                      Por Nanin Loustau

Ser professor é construir-se à partir da teoria, mas o que faz um professor ser um professor é a prática, é a prática que lhe dá esse título.

quinta-feira, 29 de outubro de 2015

Burlesco

Por: Nanin Loustau

Burlesco é tudo aquilo que trata de burlar a inteligência humana de forma escarnecedora. 
Acompanhar através da mídia,  os corruptos desviarem dinheiro público, e logo após, aumentarem os impostos, certos da impunidade.
Os estatutos estão cheios de direitos, mas pouco se tem sensatez para fazer uso deles.
Burlesco é assassinar e responder em liberdade por ser réu primário.
As brechas da lei foram articuladas propositalmente?
Evidente! sem elas a partida “com regras”  não teria graça.
A defesa? os direitos ? o amparo?
Nós, temos direitos?
A paciência,  parece ser a única, a ter direitos.
O sistema faz de nós os bobos da sua corte, divertem-se e riem-se.
Que odor fétido exalam certas atitudes humanas!
Suas melindres disfarçadas de altruísmo ( empurro mas finjo que ajudo)
A máfia das relações combinadas a uma quadrilha de enganos.
E nós ......a mercê do destino!
E toda essa omissão de delitos, encorajou-me a refletir sobre:
Crimes versus cidadãos de “bem”
Diga-me uma coisa, acaso alguma vez  não cometeu um pequeno crime? Um crime leve?
Quem sabe, uma calúnia, uma ameaça em tom de brincadeira, uma modesta difamação, em um humilde desabafo, mesmo que íntimo, em confiança à alguém?
Crime latente, não  revelado , aos olhos da justiça = cidadão de “bem”.
Do “bom e mau” (1), nasce então o Cidadão “de bem” altamente reativo, necessitando apenas de uma circunstância ou oportunidade. 
Suponha que a maioria considera dessa maneira: o que não é descoberto está oculto, de resto é torcer para que permaneça assim.
Aqui jaz um crime, quando lembrado, recebe flores; pensa o cidadão “de bem”.

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1. Nietzsche A genealogia da moral.

quinta-feira, 3 de setembro de 2015

“Anônimos”





                                                                         Por: Nanin Loustau

Qual é a voz do anonimato? O que dizem as ruas?
Costuma-se dizer que “a voz do povo é a voz de Deus”.
Hoje durante o trajeto do ônibus, uma mulher queixava-se do desrespeito atribuído a categoria docente, comunicava aflita a situação agonizante na qual  encontra-se a educação.
A indignação transparecia em seu rosto e gestos, reclamava e perguntava ao passageiro vizinho; o que vou fazer com 600 reais?  e por que o parcelamento de salário no Estado do RS não é feito igualitariamente? Obteve como resposta do silêncio, simplesmente, por quê não há resposta......
Discursava preocupada com o futuro das crianças da nação.
Porque quando há crise o primeiro órgão que sofre os cortes  é a educação?
Criticava o comentário de uma colega que segundo ela disse: “ eles fingem que me pagam, eu finjo que dou aula”.
 (É um pensamento ínfimo, mas não nos cabe julgar, talvez seja esse modo de pensar,  que a faça sentir-se menos tola e humilhada)
Continuando.......
Manifestou a mulher :  “não sou partidária desse tipo de raciocínio”. Menos mal!
De uma forma muito particular e triste, desabafou: “estou magoada, decepcionada e revoltada com essa situação, não sei o que vai ser do país”
Fora o que a mídia mostra mas,  insistimos em ignorar, e entramos por pura ingenuidade ou falta de opção , a compor a fila dos endividados.
O caos entrou agitando a bandeira da conquista .... eis a politicagem! A ignomínia com poder!
Tal situação fez-me tremer ao  lembrar a  recessão que ocorreu na Argentina no ano de 2001, o que acompanhei de perto , naquele tempo a crise trouxe consigo seus três irmãos, o desemprego  , a fome,  e o caçula que tem por nome “Confisco” que “nuestros  hermanos” chamaram de “El Corralito”. No qual o cidadão podia sacar por semana o valor de 250 Pesos.
Um tanto pessimista da minha parte admito, mas não posso esquecer, o que presenciei, assisti.......
Nas ruas os anônimos somos, nós...eu, você e os outros!

Referências:

domingo, 16 de agosto de 2015

"Obsessão"


                                                                                            Por: Nanin Loustau

                                

Apresentou-se  a obsessão
Repetia sem cessar indevidas acusações
Desorientada locomovia-se com a  ânsia particular dos disparatados
Seus olhos não possuíam brilho algum, eram cinzentos..... sem esperança
Transbordavam antipatia e negligência
A loucura vive intensamente sua leviana presunção
Egocêntrica, nasceu do acaso
É hospedeira e chantagista
Sopra e aconselha regras
A loucura domina os instintos
A decadência instaura-se
Escandalosa,  necessita ser contemplada
Lapida e manipula a sorte
Impostora da razão
Estampa no semblante sua permanência
Alucinações são reveladas em segredo ao entendimento
A exclusividade das miragens
No jardim do absurdo, você é conduzido pelo tormento a  um passeio sem volta............

quarta-feira, 29 de julho de 2015

"O Imperador mordaz"

                      Por: Nanin Loustau

O tempo flutua no espaço alucinante das emoções humanas
É um  Magnífico ditador
O relógio marca o nosso compasso
As suas estações não têm idade
A beleza em suas mãos  é destruída com afinco
Massacra com dedicação
E oferece o ritual aos homens, para que observem
Que é questão de curto período e oxigênio
Morremos a cada fôlego
Apenas parcelamos os  instantes
O futuro não existe, o
inventamos 
Sucumbimos perante o tempo
Viandante das galáxias
Imperador  sarcástico e mordaz
Só os grandes ousaram  duelar
Marcaram o tempo
Fizeram-se memoráveis
O tempo triunfante e..... paciente
Somos nós vítimas, do tempo?
Creio que não, o tempo é demasiadamente ostensivo
Ser o tempo é o seu talento!



terça-feira, 28 de julho de 2015

“Antropófagos da paixão”





                                                                     Por : Nanin Loustau
Olhares penetrantes e desafiadores
Rivalizar aqui é arriscado
Instintivamente  envolventes
Os Antropófagos  da paixão
Fazem um brinde à intensidade do ardor
Seres de ousadas apetências
Violência e desejo não herdam rédeas
E quando sob a influência dos impulsos
são incontroláveis e obscuros
No abismo do êxtase,  a  delicia  é soberana
A afrodisia emana,  cores, aromas e vícios
As parreiras são  venenosas
A embriaguez desapropria a culpa
Os delírios e extravagâncias, são  permitidos
Todos rendidos aos caprichos da vontade
O juízo é submetido ao artifício do disfarce
A corrupção é sedutora e cínica
Dançam todos ao som da rebeldia
O surrealismo fortuito e insólito, domina  o esconderijo do prazer
O ímpeto da beleza reina sob a  suntuosidade  das formas
E o amor?
Quem conhece o amor?
Que atreva- se a descrevê-lo ou  defini-lo!

segunda-feira, 8 de junho de 2015

A soberania dos livros

                                                                                               Por: Nanin Loustau

                                                                                                                             

Os outros dias em meio ao vazio e crise existencial, percebi o quão a literatura têm poder sobre mim, muitas vezes é quase um narcótico, outras tantas vezes, inquieta e desperta-me, as experiências reais são preciosas, mas as experiências fictícias são excelentíssimas.
Bom, como ia dizendo......em meio à multidão de sensações, resolvi folhear um livro dos que estou lendo para às crianças Zig-Zag  da escritora Eva Furnari , funciona bem, me fez rir e eu gostei.
Os livros incontáveis vezes te derrubam, te arrastam em praça pública, cujo único espectador é você mesmo, te expõem a um esquartejamento de ideias, levantam-se verdadeiras guerras épicas, outros recolhem-te , acariciam-te e assopram os arranhões.

sexta-feira, 29 de maio de 2015

"As Mil Almas"


Por: Nanin Loustau


Sou possuidora de mil almas, loucas, extorsionárias, vampiras vorazes, doces envenenadoras, pérfidas, homicidas , incendiárias, algumas tão perversas que foram enjauladas, acorrentadas e atiradas em precipícios, as mais sociáveis transitam em liberdade, as de alta periculosidade permanecem trancadas no calabouço subterrâneo , as vezes provocam rebeliões interiores, gritam, debatem-se e sangram, mas contudo não desprezo, tampouco sacrifico nenhuma, pois me são todas úteis, necessitando, tenho a potência de ir à sua procura nos mapas que foram traçados pela insanidade e destranca-las.
















Texto escrito em 2009 na cidade de João Pessoa- PB
Inspirada pela obra "O Lobo da Estepe" do Hermann Hesse.
Publicado dia 29/05/15

quinta-feira, 28 de maio de 2015

Pensamentos....





Sobre o conto "Feliz ano novo" do Rubens Fonseca...impactante, hediondo e autêntico!

"Gosto de autores que nos arrancam dos belos aposentos da nossa imaginação, e nos jogam em remotos buracos insalubres....... como quem diz: sobreviva a isso!" Nanin Loustau
                                                                                                                       

                                                                                                                         

domingo, 3 de maio de 2015

“Os Transeuntes”




      Crônica       


                                     “OS TRANSEUNTES”


                                                                             Por: Nanin Loustau

Segunda-feira, o sol explode nas janelas das casas,

é o dia em que somos novamente trazidos com veemência para a realidade.

As ruas da cidade estão movimentadas, trânsito infernal,  movimento de som característico,

somos quase que contagiados pelos passos apressados  a caminhar em igual ritmo

pessoas passam, completamente alheias à nós,

na multidão personagens enigmáticos do cotidiano,

Os ônibus, passam repletos, os que ficaram de pé invejam integralmente os que viajam sentados.

Sentimentos são gerados , ou a falta deles.

Leitor,  já prestou atenção como às pessoas comportam-se nas artérias da cidade?

Certo dia quando peguei um ônibus, desses bem cheio de gente

um senhor adentrou, ocupava dois lugares, vestia calças e um cinto bem apertado que o deixava em formato de 8.

Na frente, um senhor de seus 70 anos, a principio pensei que conversava com o cobrador,  não era, pois este usava fone de ouvidos, logo pensei, bom

Conversa com o motorista?

com a senhora  que estava ao lado? Nada

O tempo ia passando, e num determinado momento constatei que ele falava sozinho!

Ele fazia três tipos de vozes, uma perguntava em tom grave e sonoro, uma outra voz mais suave e fina respondia e a outra voz era a que dava opinião em tom enérgico.

Vai entender......

O motorista faz outra parada obrigatória, onde entra outra figura, um homem trajando indumentária gaúcha completa, como quê reforçado a original estirpe, no pescoço um lenço vermelho, deixando claro ser Maragato, de acessório mais contemporâneo, um óculos do tipo espelhado.

Mais adiante entrou uma mulher barbada,  confiem

pensei que só existia no circo, absolutamente, essa mulher passeia por aí,

personagens  do tipo  que assustam crianças,

de parada em parada o ônibus ia aos poucos superlotando

quando já repleto, uma mulher fica de fora, trajava saias longas lembrava ser hippie

as pessoas faziam sinal com às mãos de “ lotado, lotado”

mesmo assim  ela reclamou  pó meu ! por quê eu não posso entrar?
e um, lá de dentro gritou,  vai de a pé! 
Desci, por sorte, aquilo era um hospício.

Caminhava quando,  uma mulher ia atravessando a avenida demoradamente

E um ciclista ralhou, sai da frente !
Esta  respondeu-lhe rapidamente estou na faixa!  desbocada, logo proferiu um palavrão.

As pessoas  maltratam-se, protegidos pelo escudo do anonimato.


A grosseria irmã da barbárie, habita na selva das esquisitices, certamente!              


                                                            

quinta-feira, 9 de abril de 2015

Crônica


                                                                                      Por :Nanin Loustau

Episódio l                                             

                                                             
                                                                    

O silêncio dominava o ambiente, tão absolutamente proprietário do lugar. Dir-se-ia.

Até que Virginia expulsou-o quase que a pontapés, barulhenta e com fortes argumentos, acreditem, precisava ela fazer um comunicado para o pessoal, e são sempre todos de caráter emergenciais, quando não está contando uma de suas histórias engraçadíssimas, diga-se de passagem; da outra vez rolou até um convite, no qual iria participar da garota Plus size.

É, perceberam que Virginia é exuberante? , suas formas todas condizem com sua personalidade, ela é extremamente afável, generosamente expansiva, super bela, é autêntica, e não segue padrões, eu diria é feliz!

Outrora, levantou-se contra ela , um falatório descabido, presumam vocês!

Nervosíssima, e determinada, tinha pressa em defender sua honra e com razão, aflita, queria um pronunciamento público, imaginem, aquilo mesmo é que não poderia esperar, ruborizava-se, a amiga ao lado insuflava-lhe, algo do tipo:
-- não deixe barato!  Ah! se é comigo.

Até que finalmente foi-lhe concedido um espaço de tempo para que houvesse o desabafo, que começou assim:
--“vamos colocar os pingos nos ii”

Irei me abster dos pormenores, pois acredito até que exagerou um pouquinho.

Bem, ao passo que esclarecia as  fofocas maledicentes, e o bullyng que sofria, declarava o seu amor pelo namorido como ela costuma carinhosamente referir-se a ele, achei lindo, romântico até.

Deveria este ficar envaidecido pela sôfrega confissão.

As intrigas costumam fazem parte do cotidiano, e com o uso da internet torna-se ainda mais violento o dizquemedisse , contudo sabemos que Virginia é honestíssima.

Gosto quando estamos por vezes amargando longas horas o silêncio, e este é interrompido, sacudido e atirado pela janela por minha amiga Virginia a heroína desta crônica.


















































                                                                                                

terça-feira, 7 de abril de 2015

“Pelotas é o palácio da rainha cor-de-rosa”

              
                                                                           Por Nanin Loustau

A biblioteca da cidade de Pelotas traja rosa.
Embora seja uma senhora, conserva o frescor da juventude.
Costuma estar sempre  ataviada,  seus belos adornos, os lustres são pérolas pendentes, as escadarias, suas suntuosas curvas, arrebatadora com o seu intrínseco perfume, fascinante.
Pelotas já  foi mansão de Baronesas, imperatrizes,  é chamada carinhosamente de Princesa do Sul, mas a rainha, a rainha é a biblioteca.
Suas reminiscências estão guardadas no museu do seu interior, toda dama tem às suas,  não seria diferente com a majestade.
Alguma demonstração de afeto para com ela?
Bem sei  como agradá-la!
Agrado-a percorrendo seus corredores, deslizando meus dedos pelos seus filhos ilustres, os livros, e quase sempre levo algum para passear.
Sabem quem é a mãe das bibliotecas?

A Literatura, a fortuna do seu reino é o patrimônio que compõem  às bibliotecas, cada território recebeu sua porção. E Todos os escritores sem exceção querem integrar uma monumental biblioteca! 





Imagem: Nanin Loustau












"A aranha do Museu"

 Visita ao Museu Carlos Ritter
 Crônica

                                                                                              Por Nanin Loustau
                                                                                                                        
                                       
Certo dia fui visitar um dos Museus da cidade de Pelotas, como é de meu costume fazer,  pelas cidades por onde passo.
Embora não parecesse, esse era diferente.
No seu interior, vários bichos, lindos.
Retratei quase todos do acervo, havia borboletas, formigas, uma sucuri de seis metros, leões, jacarés, todos catalogados, ali perpétuos, magníficos, empalhados, a salvos da ação do tempo, pereceram, só que de uma outra maneira, muitas vezes perde-se a vida mas não perde-se a exuberância.
Eu ávida por percorrer todos os corredores e não perder nenhum detalhe, absolutamente entregue ao lugar,  eis que algo chamou-me a atenção , num recanto, uma aranha, além das pessoas que trabalham lá, e de seus visitantes, a aranha,  no exercício pleno da vitalidade.
Imediatamente o museu ganhou cor , brilho , um animal vivo.
Triunfante antagonista, agradou-me, é selvático, representa o Brasil, estava ela ali, seus pelos reluzentes, única, o exemplar mais valioso do museu.
Sim, vejam bem, os outros estão em desvantagem quanto a ela.
A aranha estava em uma redoma de vidro, como os valiosíssimos diamantes quando expostos em museus, era isso que a aranha simbolizava, ela era um intenso diamante, e com toda a sua vaidade, parecia saber disso.
 Se estava triste ou feliz, não cabe a mim julgar os sentimentos da aranha, foi capturada em algum momento em que andava distraída, e  deve  haver-se lamentado muitíssimo pela falta de atenção. Se bem que eu imagino, que ela deve cogitar uma fuga todos os dias.
Seu gênero?
Ah! Sequer desconfio.
Ela é da espécie Grammostola, Theraphosidae  pertencente à família das Tarântulas, forte, não?

Simpatizei com ela, tanto que a levei para casa em várias imagens fieis, não resistindo, também escrevi, afinal a aranha vive.











Imagem: Nanin Loustau